14 mitos sobre o apocalipse dos robôs

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Thomas Frey descreveu 14 mitos sobre o apocalipse dos robôs, os quais exploraremos neste artigo.

Muito tem sido discutido sobre o impacto negativo que será gerado nos empregos em função de automação, Inteligência Artificial, robôs ou outros termos equivalentes.

Um modelo mental de vitimização vai crescendo à medida em que as pessoas temem se tornar irrelevantes. Como resultado, começam a surgir comunidades combatendo a tecnologia, dispostas a interromper ou pelo menos limitar o progresso antes mesmo que ele comece.

Bill Gates chegou a sugerir que robôs deveriam pagar impostos para compensar o prejuízo causado aos seres humanos que perderam seus empregos. Se por um lado parece fazer sentido, podendo inclusive se tornar uma causa para políticos, por outro lado esta é uma linha de pensamento problemática em diversos aspectos, como por exemplo:

Aspecto 1: Taxar robôs

A primeira questão é definir o que é um robô. A definição pode ser bem ampla, como “uma máquina capaz de executar uma série complexa de ações automaticamente, especialmente aquelas programáveis por computador.” Com esta definição, os incluiriam-se entre os robôs : carros, impressoras, elevadores, relógios, tratores, empilhadeiras, armas, cortadores de grama, motosserras, drones e muito mais.

Se pensarmos que os robôs são destruidores de empregos, temos que refletir que o software é muito melhor nisto do que as máquinas. Empresas da economia do compartilhamento como Uber e AirBNB aplicam apps sofisticados que dizimaram empregos do nível do executor ao nível gerencial. Mesmo uma simples planilha eletrônica pode reduzir em cerca de 90% o tempo que um contador leva para calcular as despesas de contabilidade de uma empresa.

Aspecto 2: Limites para automação

Se pensarmos na automação daqui a 1.000 anos, quais serão os limites? Que coisas seriam possíveis e quais não?

Karl Polanyi, um economista Autro-húngaro concluiu em 1966: “Nós sabemos mais do que podemos explicar.”

Sim, existem casos em que o machine learning parece ser capaz de entender nossas capacidades implícitas. Mas as profissões que requerem desenvoltura, flexibilidade e criatividade parecem se mostrar impermeáveis à obsolescência.

14 falácias sobre o apocalipse dos robôs

1.: Robôs estão destruindo empregos.
– Robôs não eliminam empregos; eliminam apenas tarefas.

Vinicius Soares: Embora eles não eliminem empregos, sabe-se que os robôs e a automação diminuem a quantidade necessária de pessoas para certas atividades.

2.: Automação já destruiu muitos empregos.
– A automação só destruiu completamente um único emprego nos últimos 67 anos, o de ascensorista.

Vinicius Soares: Da mesma forma que no item anterior, os empregos não foram eliminados, mas boa parte dos empregados foi deslocada para outras atividades em função da automação.

3.: A automação vai em breve eliminar meu emprego.
– A automação está forçando as empresas a redefinir os empregos.

4.: A automação está reduzindo nossa oportunidade para encontrar emprego.
– A automação normalmente aumenta o número de empregos.

Vinicius Soares: Historicamente está comprovado que as revoluções industriais aumentam o número de vagas. No entanto, é importante conciliar no tempo a eliminação de vagas e a criação de novas. Normalmente as vagas são eliminadas em velocidade mais rápida do que as novas são criadas, daí a preocupação com políticas para uma transição sustentada, como por exemplo uma receita básica universal (BIEN)

5.: Com a automação, não restará nada para os humanos fazerem.
– Tarefas não automatizadas se tornarão mais valiosas.

6.: Em breve um robô baterá na minha porta para tirar o meu emprego.
– Robôs não eliminam empregos. As pessoas o fazem.

Vinicius Soares: a resposta a este mito se mostra conceitualmente correta, pontuando que a decisão por eliminar empregos é das pessoas, não dos robôs. Ainda assim, é importante cuidar de uma estratégia de transição, como pontuado no item 4.

7.: Um robô consciente significa que os robôs irão trabalhar e agir exatamente como humanos.
– AI não irá adicionar consciência aos robôs.
Ainda não sabemos sequer definir o que é consciência.

8.: Um robô inteligente terá os mesmos sentimentos que os humanos.
– AI não fará com que robôs tenham emoções humanas.
É possível replicá-las até um certo nível, mas por exemplo o amor artificial será incompleto. Faltarão elementos característicos da natureza humana.

9.: Robôs inteligentes irão subjugar a raça humana.
– Robôs não possuem um “gene” que os faz desejar o poder.

Vinicius Soares: Esta resposta também se mostra coerente do ponto de vista conceitual, mas ainda assim é necessário endereçar que pessoas mal intencionadas podem aplicar robôs inteligentes para executar seus projetos de poder. Neste caso, iniciativas como o AI100, e o Partnership on AI mostram-se imprescindíveis.

10.: Robôs super inteligentes serão máquinas pensantes.
– Robôs são incapazes de pensar como um ser humano.
Naturalmente isto depende da nossa definição de “pensamento”. Mas o cérebro não é digital. Nosso cérebro depende de sinais eletroquímicos com temporização interrelacionada e mecanismos analógicos, em um tipo de maquinário molecular e biológico que só agora estamos começando a entender. O artigo A relação entre Flores Artificiais e Inteligência Artificial explora este assunto.

11.: Robôs estarão em breve disputando seu emprego.
– Robôs não disputam.
Não são eles quem irão decidir se você deve ou não continuar empregado.

Vinicius Soares: Da mesma maneira que pontuado no item 6, a resposta ao mito está conceitualmente correta, mas mostra-se cuidar para que continue havendo empregadores interessados em contratar seres humanos, o que inclusive deveria ser um direito assegurado, conforme tratado no artigo Direitos humanos para a era digital.

12.: Robôs com Inteligência Artificial estarão em breve solucionando todos os problemas.
– Robôs não só solucionam problemas, mas também criam problemas novos.
Toda máquina se desgasta. Todo sistema computacional eventualmente morre. Mesmo que o tempo médio entre falhas se torne mais longo, eles irão inevitavelmente falhar. Pense em todo o mercado e empregos de informática que foi criado pela introdução dos computadores.

13.: Nós sempre seremos capazes de diferenciar humanos e futuros robôs retirando suas peles.
– Robôs do futuro crescerão exatamente como os humanos.
Provavelmente os robôs do futuro serão clones ou crescerão como organismos biologicamente vivos.

14.: Robôs são eternos.
– A segunda lei da termodinâmica rege que tudo está aos poucos se desgastando, até os robôs.

Considerações finais

A preocupação com empregabilidade está crescendo e nos deixando nervosos. É importante pensarmos que se uma profissão for completamente automatizada, ela de fato desaparecerá. Mas se o processo for parcial, eliminando tarefas ao invés do trabalho inteiro, as vagas podem aumentar em função de um aumento de eficiência e possíveis efeitos de aumento de demanda. Como um parâmetro, menos de 5% dos empregos nos Estados Unidos hoje podem ser completamente automatizados utilizando a tecnologia atual.

Precisaremos aprender novas habilidades para continuarmos relevantes e competitivos no futuro. Mas por hora, há muitas áreas onde as habilidades tácitas significam porto seguro para o futuro dos empregos.

Adaptado de 14 Fallacies of the Coming Robot Apocalypse.

2 comments

  1. Como citado no topico a cima pode se reforçar que independentemente se os robôs avançarem sempre necessitaram de reparos ou soluções que apenas nós seres humanos poderemos realizar

    1. Bem notado, João Matheus. Um mercado de manutenção pode movimentar a economia e gerar empregos. Agora, é preciso estar consciente que parte desta manutenção poderá ser feita pelos próprios robôs.q

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